quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Eu, online

Quando criei este belo pedaço de internet para mim, tinha como objectivo deixar para aqui tudo aquilo que quisesse e bem me apetecesse. Inicialmente foi assim: desde pseudo cartas amorosas que ninguém entende para além de mim, até disparates pegados acerca da Nossa Senhora. Até aqui tudo bem.

Nestes últimos anos, não tem sido bem assim.

Sempre que abro uma das aplicações horríveis que me permitem lidar com o Blogger (assunto que dá pano para mangas para outra publicação cheia de ódio - a sério que não existe uma app que se aproveite? A SÉRIO?) e me deparo com a espécie de editor de texto que me é apresentada.. sinto-me inibida. Não consigo chegar aqui e escrever, como antigamente escrevia. Devo muito disto ao boom das redes sociais, estas que permitem que qualquer conteúdo seja divulgado sem grandes dificuldades. Começo a pensar seriamente nas repercussões que qualquer publicação que faça possa ter:

- se escrevo algo demasiado sentimental, sinto-me exposta;
- se escrever algo sobre o meu emprego, ponho em risco a minha ética de trabalho;
- se quiser mandar umas caralh*adas, corro o risco de um potencial empregador ler e prejudicar o meu futuro;

Cada vez mais tenho medo de chegar aqui, e ser eu.

Não digo que não estaria exposta quando criei o blogue, atenção. A Internet é um fosso de informação onde se encontra de tudo, se procurarmos bem. E desde as primeiras publicações, sempre tive cuidado em preservar algumas identidades, refrear referências, deixar algumas histórias por contar. Nos entretantos, o mundo virtual evoluiu, e cada um de nós tem uma persona online. É uma outra identidade, em que aquilo que nos define depende muito daquilo que escrevemos/publicamos/decidimos tornar público. O que somos online, está directamente relacionado com o mundo real, cada vez mais. Isso assusta-me. Gostava mais quando podia escrever publicamente e apenas um pequeno grupo de pessoas dava pouca ou qualquer importância ao que publicava (acreditava e acredito eu, na minha inocência, que existem pessoas que se interessam pelas coisas lindas que eu vou metendo para aqui!).

Era mais giro quando a Internet servia maioritariamente de playground (e para sacar textos em brasileiro para trabalhos da escola a ser feitos à última da hora, isso é que era!). Agora, é tudo demasiado sério.

O meu alter ego virtual sente-se reprimido e deprimido.

E velho. Muito velho.

(Isso deve-se mais ao facto de hoje ter encontrado três disquetes.. yup.)

É isso.

Sem comentários:

Enviar um comentário