terça-feira, 22 de outubro de 2013

Uns morrem e outros ficam assim

Sempre foi muito discutido o tema relacionado com o medo da morte. Pessoas que têm medo de morrer, de não saber o que vem a seguir, se é que vem algo a seguir. Pessoalmente, nunca perdi muito tempo a considerar se tenho medo do que possa a vir a acontecer ou não. Mas sempre tive uma curiosidade mórbida e algo impossível de saciar, de saber o que se passa depois. Fisiologicamente já toda a gente sabe como funciona, rigor mortis bla bla bla decomposição bla bla bla. Mas o corpo humano é tão mais do que aquilo que aparenta. Se fossemos só um aglomerado celular estruturalmente coordenado, seríamos todos iguais. Há sempre algo diferente e não há uma única pessoa igual a outra. Existe todo um mecanismo de controlo e de crescimento individual que nos torna singulares. Será a natureza tão efémera ao ponto de toda esta construção desaparecer? sumir permanentemente? tanto quanto se diz, nada desaparece, tudo se transforma (to some extent). Em que se transforma o nosso carácter? Em que se torna tudo o que controla o que é físico? muita gente me dirá que se transforma em matéria morta, conjuntamente com o nosso cérebro.. e que outras considerações serão fantasiosas.

Fantasiosa ou não, lembro me como se fosse ontem da expressão na cara de um senhor estendido numa mesa de autópsia que decorria ao lado da que eu observava: tinha o esboço de um pequeno sorriso nos lábios. Ou assim o parecia.

Pode ser considerado mirabolante, e parte de mim também o acha. Mas custa-me muito a acreditar que a morte seja só isto. Não, não sou uma pessoa religiosa (apesar do feriado da Imaculada Conceição ser o meu favorito de todos, como já foi descrito há uns tempos). Mas acredito que aconteça mais do que aquilo que é sabido.

Quando lá chegar, pode ser que descubra.

(Desengane-se quem acha que estou com pensamentos suicidas! No que depender de mim, ainda há muita Imaculada Conceição pela frente! Ámen!)

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