"Tudo é injusto, o sofrimento está em toda a parte, a dor é permanente. Bastava, aliás, olhar para os animais que estudava na Escola Superior de Veterinária e perceber o seu modo de vida na natureza, vê-los a caçar, a devorar, a fugir e a ser devorados. Era afinal a isso que se resumia a sua existência, um permanente estado de horror e flagelo em que a cada dia, a cada hora, a cada segundo, milhões de seres eram despedaçados e comidos vivos para sustentar uma única refeição de outros seres igualmente acossados por outros predadores. Disfarçada pela máscara cintilante da civilização, que polia a realidade com o talento lustroso de um ilusionista, a vida dos homens não se afigurava em boa verdade muito diferente da dos animais, como se podia descobrir no rosto e na vida daquela mulher que vira no Rossio. Para ela não havia animatógrafo nem poesia, apenas a mão estendida para sobreviver a esse dia."
José Rodrigues dos Santos
Uma vez que o livro não é meu, e é feio deixar marquinhas de dobras nas páginas de livros alheios, aqui fica um excerto do que li hoje e que me caiu particularmente bem. Senhor Orelhudo
(e não me estou a referir a este) a somar pontos novamente.
Ei, houve obras aqui.
ResponderEliminarHaja dinheiro para estas modernices!
Sou tipo o João Jardim do Blogger.
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