segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Roda Gigante

A mente das crianças não poderia ser mais verdadeira. Fascina me ver a maior parte das suas acçoes representadas na vida adulta embora numa forma camuflada. Como por exemplo: a historia dos brinquedos.Uma criança vai ao supermercado e olha para um determinado brinquedo que quer desesperadamente: um carrinho telecomandado, uma barbie toda xpto, uma caixa de legos ou coisa que lhe valha. Faz o berreiro da vida dela porque quer aquilo na hora, e o papá tem de dar, e porque sim e porque assado e é o fim do mundo em cuecas no meio do supermercado com um puto aos berros que mais parece que está a ser torturado. Lá chega o natal e o pequenote lá recebe o que tanto queria. Brinca com aquilo todo o santo dia, durante a semana inteira...o entusiasmo vai desaparecendo exponencialmente. Começa a pegar nele so de vez em quando, até que um dia o encosta de vez. Vê algo novo que lhe cativa o interesse. Novo berreiro no supermercado. Cansou se de brincar sempre com o mesmo. O valioso e tão querido brinquedo deixou de valer o que valia, e agora sofre por querer algo novo.
Isto acontece exactamente com a malta graúda. Eish estamos mal porque tiramos uma nota da treta a não sei quê, ou então porque a vida não é como queriamos ou porque o cão roeu a perna da mesinha de cabeceira - há sempre alguma coisa que não bate certo. E queremos sempre mais. E mais...e mais! A natureza humana é assim mesmo. Nunca nos encontramos satisfeitos com o que temos. Estamos sempre em berreiro mesmo tendo aquilo que queriamos há relativamente pouco tempo atrás. Andamos numa roda gigante: ou estamos no topo, em extase com algo novo, ou em alegria decrescente com a rotina, ou no fundo, em profunda tristeza, ou em ascenção, quando o brilho de algo excitante surge. E nunca pára de girar. Não haverá maneira de evitar este sobe e desce todo? Que eu tenha conhecimento, não. E por mais que a ideia não fascine a ninguém, este sobe e desce é saudavel. Se parássemos no cimo da roda por demasiado tempo, aconteceria o mesmo que ao brinquedo inicial, que era novo e reluzente e se tornou em algo banal e aborrecido. A vista do topo tornar se ia repetitiva e vulgar. Por isso, há que andar as rodinhas.

2 comentários:

  1. "E queremos sempre mais. E mais...e mais! A natureza humana é assim mesmo. Nunca nos encontramos satisfeitos com o que temos. Estamos sempre em berreiro mesmo tendo aquilo que queriamos há relativamente pouco tempo atrás."


    Ora, a ideia é mesmo essa. Ainda bem que nunca estamos satisfeitos com o que temos. Se assim fosse, ainda hoje andavamos todos de Fiat 127, víamos VHS e ouvíamos música em poderosas e compactas K7 audio, o que era chato, porque depois não tinhamos onde gravar os dónilos ilegais feitos da net.

    Já dizia o outro senhor que parar é morrer, sobretudo se for na linha do comboio, por isso não convém conformar-nos com o que temos. É claro que era muito mais fácil arranjar um emprego sossegadinho no McDonalds, deixar correr os dias e no fim do mês ter uns trocos seguros na conta até se ser despedido. Mas é natural querer-se mais do que isso.

    Posto isto, tenho a dizer que já devia estar na cama há muito em vez de andar praqui a falar como gente grande o que era deveras mais produtivo. A vida era tão mais bonita se não houvesse aulas antes das 2h da tarde nem depois das 6h. Oh céus! A humanidade!

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